Donald Trump voltou à presidência dos Estados Unidos após quatro anos nesta quarta-feira (06). A campanha ficou marcada pelo apoio do bilionário Elon Musk e pode ser uma esperança para que o setor de tecnologia volte a se aproximar da Casa Branca.
Isso porque, de acordo com a análise do jornal estadunidense Washington Post, o primeiro mandato de Trump foi marcado por uma onda de desregulamentação nos setores de tecnologia e telecomunicações. No entanto, o republicano também ficou conhecido por atacar gigantes da indústria que o contrariavam, incluindo o CEO da Meta Mark Zuckerberg.
Aliança entre Trump e Musk pode ser conflito de interesse para tecnologia
Elon Musk não apenas endossou publicamente o candidato do Partido Republicano, como financiou e participou ativamente de sua campanha, inclusive no X (rede social de propriedade do bilionário). De acordo com o WP, a vitória de Trump consolida essa aliança.
Há uma consequência. O jornal alertou que a aproximação do novo Presidente dos Estados Unidos com o setor de tecnologia pode confundir os limites entre o Vale do Silício e as agências federais fiscalizadoras.
Musk é um bom exemplo disso. O executivo é frequentemente investigado por supostas violações de segurança e privacidade, inclusive (mas não apenas) no X. A aliança com Trump pode representar um conflito de interesses para o novo morador da Casa Branca.
Setor de tecnologia pode esperar menos regulamentações
O primeiro mandato de Donald Trump contou com uma série de desregulamentações no setor de tecnologia, fortalecendo as big techs. Agora, o executivo retorna à cadeira presidencial com desafios relacionados à inteligência artificial (IA) e moderação de conteúdo.
Vale lembrar que, atualmente, as principais agências federais fiscalizadoras da indústria tech e de telecomunicações, a Comissão Federal do Comércio e Comissão Federal de Comunicações, respectivamente, atuam de forma independente à presidência. Isso pode mudar em breve. O novo Presidente dos EUA indicou que quer acabar com a independência e submeter todas as regulamentações à “revisão da Casa Branca”.
A medida poderia afetar grandes batalhas judiciais em andamento atualmente, como contra o TikTok e Google. Na prática, caberia a Trump decidir o futuro das empresas.
Como fica o Google e o TikTok?
O processo antitruste contra o Google começou no primeiro mandato de Donald Trump, semanas antes das eleições de 2020 que o tirariam do poder. Quatro anos depois, ele parece ter mudado de ideia. Segundo o Washington Post, quando perguntado sobre a possibilidade do governo federal afetar negativamente o Google, Trump alertou que pode ser “algo muito perigoso porque temos grandes empresas. Não queremos que a Chian tenha essas empresas”.
O TikTok é outra batalha em andamento no país. A rede social é controlada pela empresa chinesa ByteDance e foi banida dos Estados Unidos por questões de privacidade de dados dos usuários. O banimento passa a valer em 19 de janeiro de 2025, mas a companhia segue recorrendo.
Sobre isso, Trump afirmou que a proibição do TikTok representa “problemas reais da Primeira Emenda”, trecho que assegura a liberdade de expressão. O comentário do novo Presidente pode mudar os rumos do processo.
Trump se aproximou de criptomoedas
- Outro setor que ganhou a atenção de Donald Trump durante a campanha presidencial foi a indústria de criptomoedas;
- O empresário prometeu este ano que tornaria os EUA uma “superpotência do bitcoin” e promoveria regulamentações mais amigáveis para o setor;
- Ele também afirmou que demitiria o presidente da Securities and Exchange Commission (agência responsável pela segurança financeira do país), Gary Gensler, crítico das criptomoedas;
- A aproximação não é exatamente inédita. Em setembro, a família de Trump abriu seu próprio negócio no setor das moedas digitais, o World Liberty Financial.
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Trump é primeiro presidente dos EUA com rede social própria – e isso é um problema
A ligação de Donald Trump com o setor de tecnologia é anterior à amizade com Elon Musk. O Presidente é dono de uma rede social própria, a TruthSocial.
De acordo com o WP, isso pode, novamente, ser um conflito de interesses para o executivo. Ao mesmo tempo que a propriedade da plataforma testa o relacionamento de Trump com outros CEOs (afinal, de certa forma, são rivais), pode atrapalhar as tentativas da Casa Branca de moderar conteúdos.
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