Esta semana, o Olhar Digital relembrou uma pesquisa que aponta que as cores dos carros interferem no funcionamento do ar-condicionado e, consequentemente, no consumo de combustível. Da mesma forma, o fator econômico também deve ser considerado na escolha da cor da sua casa – e isso não se resume ao preço da tinta.
Nos projetos arquitetônicos, a cor influencia o conforto térmico dos edifícios e pode reduzir o consumo de energia. Em conjunto com fatores como o clima, a orientação solar e os materiais de construção, as cores definem a absorção, reflexão e emissão de calor, ajudando a regular a temperatura interna e minimizando a necessidade de climatização artificial.
Cores claras, como branco, creme e tons pastel, refletem mais luz e calor, mantendo o ambiente fresco e reduzindo a necessidade do uso de ar-condicionado. Em regiões quentes, superfícies claras em telhados e paredes externas são uma estratégia eficiente para diminuir o consumo energético.
Essa relação entre cor e calor faz parte do interesse de estudo do professor Maurício Roriz, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). “Nem sempre as cores mais claras absorvem menos luz solar, uma vez que mais da metade do espectro da radiação solar está na região do infravermelho, que não é visível a olho nu. Com isso, uma superfície visualmente clara pode concentrar mais calor do que uma superfície um pouco mais escura”, disse ele em um comunicado da Agência FAPESP.
Por exemplo, embora o branco gelo seja claro, ele pode absorver mais radiação infravermelha que cores como pérola ou erva-doce, que refletem melhor essa radiação invisível, contribuindo para menor acúmulo de calor.
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Cores escuras ajudam a manter ambientes mais aquecidos
Por outro lado, cores escuras tendem a absorver mais calor, o que pode ser benéfico em regiões frias, ajudando a aquecer o ambiente naturalmente. Em climas frios, superfícies escuras acumulam calor durante o dia, reduzindo a necessidade de aquecimento à noite.
Em sua tese de doutorado na Universidade de Campinas (Unicamp), Kelen Almeida Dornelles analisou a capacidade de absorção térmica de várias cores. Ela demonstrou que o preto absorve até 98% do calor solar, seguido por tons escuros de cinza, verde e azul. Já o branco reflete cerca de 80% do calor, tornando-o ideal para regiões quentes onde a economia de energia é essencial.
Em locais com variações diárias de temperatura, uma abordagem mista pode ser eficaz. Fachadas claras refletem o calor durante o dia, enquanto tons escuros em áreas internas acumulam e liberam calor à noite, aproveitando o resfriamento natural. Esse efeito também depende da inércia térmica dos materiais usados, que controlam a liberação gradual de calor, mantendo o ambiente equilibrado.
Além dos aspectos físicos, a cor também influencia a percepção térmica dos ocupantes. Cores quentes em ambientes internos criam uma sensação de acolhimento, enquanto tons frios transmitem frescor. Assim, a escolha de cores deve levar em conta tanto o desempenho térmico quanto o impacto psicológico sobre o bem-estar dos usuários, evidenciando como a ciência pode contribuir para um design mais eficiente e confortável.
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