Última Superlua do ano? Saiba por que não é bem assim

Nesta sexta-feira (15), a Lua inicia a fase cheia – e muitos veículos de comunicação estão se referindo a ela como a última “Superlua” de 2024. Será mesmo o caso? Conforme noticiado pelo Olhar Digital em janeiro, o fenômeno aconteceu oficialmente apenas duas vezes este ano: em setembro e em outubro

Então, neste mês, NÃO teremos uma Superlua. Vamos entender o porquê?

Superlua sobre o King Abdullah Financial District, em Riade, na Arábia Saudita. Crédito: Yasser Alomari, vencedor da etapa nacional da Arábia Saudita do Sony World Photography Awards 2024

O que é uma Superlua?

De forma bem simples e resumida, uma Superlua ocorre quando o nosso satélite natural chega à fase completa em até 24 horas antes ou depois de atingir sua aproximação máxima com a Terra (ponto chamado de perigeu).

“Mas, sem saber o quão perto a lua cheia precisa estar da Terra, não dá para cravar se esta ou aquela lua cheia é uma Superlua”, explica o colunista do Olhar Digital Marcelo Zurita, que é presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon).

Lua cheia “emoldurando” o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, captada de Niterói (RJ), em agosto de 2023. Crédito: Marcello Cavalcanti

Segundo Zurita, até existem algumas tentativas de criar uma definição científica, completa e definitiva para o termo, mas é difícil chegar a um consenso, e talvez isso tenha algo a ver com ele vir da astrologia. “Na astronomia, sua utilização é recente e tem se mostrado uma boa forma de popularizar a ciência, mas muita gente ainda ‘torce o nariz’ para o termo, por considerá-lo um nome mercadológico para ‘vender’ a Lua Cheia no perigeu, que, na prática, não tem nada de super, nem representa nenhum fenômeno de interesse científico”.

Talvez por isso a União Astronômica Internacional (IAU) não demonstrou, até hoje, nenhum interesse em normatizar o termo. “Tudo que temos são as definições informais para a Superlua”, disse Zurita, explicando que, no meio científico, os astrônomos preferem a referência “perigeu-sizígia” ou simplesmente “Lua Cheia no Perigeu”.

A distância da Lua em relação à Terra varia porque sua órbita não é perfeitamente circular – é ligeiramente oval, traçando um caminho chamado uma elipse. À medida que ela atravessa esse caminho elíptico ao redor do nosso planeta a cada mês, sua distância varia entre 356.500 km no perigeu e 406.700 km no apogeu (ponto mais distante).

A Superlua ocorre quando a Lua chega à fase completa (cheia) quase ao mesmo tempo em que sua órbita elíptica faz sua aproximação máxima da Terra – ponto chamado de perigeu. O ponto mais distante é chamado de apogeu. Crédito: VectorMine – Shutterstock

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E a Lua Cheia de novembro?

Seguindo o conceito acima, a Lua precisa entrar na fase cheia em até 24 horas antes ou depois de chegar ao perigeu, certo? Isso aconteceu este ano apenas em setembro e em outubro.

No caso de setembro, a fase cheia se iniciou às 23h34 (horário de Brasília) do dia 17. O perigeu lunar foi alcançado, por sua vez, às 10h22 do dia seguinte. Em outubro, aconteceu o oposto: a Lua atingiu o perigeu no dia 16, às 21h50, e ficou totalmente cheia no dia seguinte, às 8h26.

Embora alguns meios de comunicação tenham divulgado que as luas cheias de agosto e novembro também seriam “super”, se for seguir à risca a concepção acordada do termo, elas não se enquadram.

Em agosto, ela ficou cheia no dia 19, mas só atingiu o perigeu mais de 30 horas depois. E, agora em novembro, a Lua chegou ao perigeu nesta quinta-feira (14), às 8h15, de acordo com o guia de observação InTheSky.org, ficando totalmente cheia quase 34 horas mais tarde, às 18h28 de sexta-feira (15). 

Isso significa que, mesmo que esteja brilhante e imenso no céu, desta vez o astro não é classificado, oficialmente, como uma Superlua.

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