As negociações climáticas da ONU, iniciadas em Baku, no Azerbaijão, foram marcadas por apelos de cooperação e discursos intensos que contrastam com um cenário de conflitos globais e dificuldades econômicas.
A COP29, que reúne representantes de vários países para debater ações contra as mudanças climáticas, teve seu início focado em um dos temas mais difíceis: a mobilização de recursos financeiros para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar e se adaptar ao aquecimento global.
Na cidade conhecida por seu histórico de produção petrolífera, o novo presidente da COP29, Mukhtar Babayev, chamou atenção para a necessidade de centenas de bilhões, ou até trilhões, de dólares em financiamento, visando a transição energética e a compensação pelos desastres climáticos, em grande parte causados pelas emissões dos países ricos.
Babayev alertou: “Esses números podem soar altos, mas são pequenos em comparação com o custo da inação”. Ele ressaltou a importância da COP29 para o cumprimento do Acordo de Paris, que busca limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais.
COP29 e o peso dos desastres climáticos
- Com o mundo prestes a registrar o ano mais quente da história, o impacto das mudanças climáticas já é evidente em desastres naturais como furacões, secas e enchentes.
- Em discurso, Babayev mencionou que o mundo está em uma “estrada rumo à ruína”, com comunidades ao redor do mundo sofrendo os efeitos silenciosos do aquecimento global.
- Simon Stiell, secretário de Clima da ONU, compartilhou a história de uma vizinha de 85 anos, afetada pelo furacão Beryl, que simboliza a resiliência necessária para enfrentar esses eventos.
- Stiell enfatizou que o financiamento climático não é caridade, mas uma medida essencial para evitar um aquecimento que pode ultrapassar os 5 °C.
Tensão política e conflitos no cenário das negociações
O contexto global de conflitos e mudanças políticas, como a recente eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos e a queda da coalizão governante da Alemanha, trouxe desafios adicionais às negociações em Baku.
Friederike Otto, cientista do clima, afirmou que o norte global deveria reduzir suas emissões de maneira mais rápida, mas destacou que as turbulências políticas atrasam as metas de mitigação climática.
Organizadores da COP29 esperavam que as nações participantes pudessem deixar as hostilidades de lado, mas conflitos como a guerra na Ucrânia e o conflito em Gaza continuaram. Ativistas climáticos presentes no evento protestaram contra o financiamento militar, exigindo justiça climática e maior comprometimento financeiro dos países ricos.
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Expectativas para acordos financeiros e novas metas climáticas
A importância do pacote financeiro em discussão nesta COP29 é ressaltada pelo prazo de início de 2025, quando todos os países devem apresentar metas mais ambiciosas de redução das emissões de gases de efeito estufa, em conformidade com o Acordo de Paris.
Para pequenas nações insulares, como as ilhas do Pacífico, o maior obstáculo não é a falta de fundos, mas sim a dificuldade de acessar esses recursos. Hilda Sakiti-Waqa, da Universidade do Pacífico Sul, declarou que essas nações necessitam de apoio técnico para elaborar suas solicitações de financiamento.
Com o aumento da temperatura média global em 1,3 °C em relação ao período pré-industrial, especialistas alertam que as emissões precisam ser reduzidas em 42% até 2030 para evitar que o aquecimento ultrapasse o limite de 1,5 °C. Stiell enfatizou que um resultado significativo precisa ser alcançado em Baku: “Agora é o momento de mostrar que a cooperação global não está derrotada, mas sim pronta para agir.”
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