Eu fui uma criança que assistia “Pokémon“. Fui um adolescente que jogou várias versões do jogo, em diferentes plataformas. E me tornei um adulto que continua consumindo a franquia. É justamente por isso que o dia 3 de agosto de 2016 não sai da minha cabeça. Foi o lançamento aqui no Brasil do game “Pokémon GO” (a estreia nos Estados Unidos ocorreu um pouco antes, em 6 de julho).
A ideia de você sair pelas ruas em busca dos monstrinhos era encantadora. Seria a experiência mais próxima da essência do game, que, sim, consiste em evoluir suas criaturas, mas, antes disso, em capturá-las. Todas elas.
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Fui, com certeza, uma das primeiras pessoas a baixar o app aqui no País. E, assim, como eu, duvido que a esmagadora maioria dos usuários tenha lido as letrinhas minúsculas dos Termos de Uso.
Pois é, você autorizou a empresa Niantic a utilizar seus dados do jogo. Isso, claro, foi utilizado para melhorar a própria experiência de jogo. Mas não só isso. Acabamos de descobrir que a Niantic usou essas informações para criar um complexo modelo de inteligência artificial (IA).
Uma inteligência espacial em cima de “Pokemón”
- A esse ponto, você provavelmente já ouviu falar nos grandes modelos de linguagem (LLMs, na sigla em inglês);
- Eles são os motores de chatbots, como o ChatGPT, da OpenAI;
- Esses modelos são treinados em grandes quantidades de texto existente da internet para processar e produzir linguagem natural;
- O que a Niantic quer é construir uma IA capaz de visualizar e mapear o espaço físico;
- Mais do que isso: uma IA que possua algo similar à inteligência espacial dos humanos;
- Eu separei um trecho do próprio blog da empresa que explica bem como funciona essa tecnologia:
- “Quando você olha para um tipo familiar de estrutura – seja uma igreja, uma estátua ou uma praça da cidade – é bem fácil imaginar como ela pode parecer de outros ângulos, mesmo que você não tenha visto de todos os lados. Como humanos, temos “compreensão espacial”, o que significa que podemos preencher esses detalhes com base em inúmeras cenas semelhantes que já encontramos antes. Mas para máquinas, essa tarefa é extraordinariamente difícil. Até mesmo os modelos de IA mais avançados hoje lutam para visualizar e inferir partes ausentes de uma cena, ou para imaginar um lugar de um novo ângulo”;
- Isso, segundo a Niantic, estaria prestes a mudar com a nova IA;
- Em vez de Large Language Model (LLM), esse sistema tem o nome de Large Geospatial Model;
- E a companhia o batizou como Visual Positioning System, ou VPS.
Onde o VPS será usado?
A Niantic colhe os dados sempre quem jogador de “Pokémon GO” (ou de outro jogo da empresa) escaneia uma nova parada. Ou faz outras ações durante o gameplay. Com esses parâmetros, o modelo pode construir mapas em 3D de alta fidelidade do mundo, que incluem geometria 3D (ou o formato das coisas).
Como revele o The Verge, a ideia da Niantic é ambiciosa: mapear o planeta inteiro dessa maneira. Além disso, com os grandes modelos geoespaciais, a empresa quer permitir às máquinas que não apenas percebam e entendam os espaços físicos, mas, também, interaja com eles de novas maneiras.
Isso será cada vez mais importante no desenvolvimento futuro de tecnologias ligadas a Realidade Aumentada (RA), Robótica e carros autônomos. Pois é, um universo que vai muito além dos jogos. E tem gente que ainda acha que videogame é coisa de criança…
O post Jogadores de “Pokémon GO” treinaram uma das maiores IAs do mundo (e não sabiam disso!) apareceu primeiro em Olhar Digital.