Li recentemente em um artigo que o Agro brasileiro não está pronto e nunca estará pronto para utilizar tecnologias disruptivas do Vale do Silício. Será?
Vamos entender como tecnologias disruptivas desafiam esse pensamento.
Imagine os Estados Unidos nos anos 1990. Produtores estavam acostumados a plantar, colher e replantar em um ciclo já conhecido, mas enfrentavam perdas constantes causadas por pragas e mudanças climáticas inesperadas.
O manejo de pragas era um desafio diário, exigindo aplicações constantes de pesticidas. Os agricultores estavam sempre preocupados em proteger suas lavouras, mas, ao mesmo tempo, temiam o impacto dos químicos no solo e no ambiente.
Eis que surge uma tecnologia disruptiva — as sementes geneticamente modificadas, desenvolvidas por uma empresa chamada Monsanto. O objetivo era algo que soava quase como mágica: criar plantas que fossem resistentes a pragas e capazes de sobreviver a herbicidas.
A ideia era que essas plantas resistissem aos ataques dos insetos mais vorazes e, ao mesmo tempo, pudessem ser cultivadas com menos intervenções químicas.
O processo de modificação genética alterava a própria estrutura do DNA da planta, algo que, até então, parecia coisa de filme de ficção científica. Os cientistas conseguiram inserir genes nas sementes que faziam com que elas produzissem uma proteína tóxica para certos insetos, mas inofensiva aos seres humanos. Além disso, essas plantas poderiam suportar herbicidas que matariam todas as ervas daninhas ao redor, mas deixariam a lavoura intacta.
Os primeiros a apostar
No início, poucos produtores arriscaram. Era uma tecnologia cara e misteriosa, e muitos agricultores se perguntavam: “será que isso é seguro?”. Mas alguns produtores mais ousados, dispostos a experimentar o novo, decidiram dar uma chance. E foi aí que a magia começou a acontecer.
Essas primeiras lavouras com sementes GMOs resistiram a pragas que antes devastavam plantações inteiras e reduziram a necessidade de pesticidas. Produtores que usavam as sementes notaram que o custo de controle de pragas despencou, e a produtividade das lavouras começou a bater recordes. Não demorou para que os vizinho, curiosos, começassem a visitar essas fazendas para ver o que estava acontecendo.
A polêmica e o desafio do status quo
Mas, como toda tecnologia disruptiva, as sementes GMOs enfrentaram resistência. Organizações ambientais, grupos de consumidores e até alguns produtores questionavam a segurança dos alimentos modificados. “Isso é natural?” e”Estamos colocando nossa saúde em risco?” eram perguntas frequentes. Nos Estados Unidos e na Europa, começaram debates acalorados, e até hoje as sementes GMOs são um tema polêmico.
Porém, com o tempo, a tecnologia provou seu valor em países como Brasil e Argentina, onde os produtores lidavam com condições climáticas adversas e grandes desafios com pragas. No Brasil, por exemplo, as sementes GMOs trouxeram uma transformação significativa nas lavouras de soja e milho, elevando o país ao patamar de grande exportador mundial.
Hoje, as sementes GMOs são utilizadas em vários países e estão presentes em milhões de hectares ao redor do mundo. Elas ajudaram a transformar regiões agrícolas, onde a resistência a pragas e a tolerância a herbicidas se tornaram uma vantagem competitiva. Apesar das polêmicas, essa tecnologia trouxe uma nova forma de ver a agricultura e possibilitou a criação de variedades mais produtivas e resilientes.
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Moral da história
A história das sementes GMOs nos ensina que toda inovação de impacto vai desafiar o status quo. Como em toda revolução, há ceticismo e resistência, mas também há a possibilidade de transformações significativas. As sementes geneticamente modificadas vieram para mudar o campo e, apesar de enfrentarem barreiras, abriram as portas para a agricultura moderna.
Assim como GMOs e diversas outras tecnologias enfrentam barreiras de aceitação, esse é um processo irreversível. Como costumo dizer em minhas palestras: a Inovação não pede licença. Pede desculpas.
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