“Supernova fracassada”: esta pode ser a explicação para o sumiço de uma estrela no céu

Em 2014, a estrela supergigante M31-2014-DS1, localizada na galáxia de Andrômeda, a 2,5 milhões de anos-luz da Terra, apresentou um brilho intenso antes de escurecer gradualmente entre 2016 e 2023, até desaparecer completamente dos telescópios. 

Com uma massa 20 vezes maior que a do Sol, a estrela intrigou cientistas por não ter apresentado a explosão de luz típica de supernovas ao colapsar. Esse episódio pode representar um raro caso de “supernova fracassada”, hipótese apresentada por uma equipe de astrônomos em um estudo disponível no repositório de pré-impressão arXiv, ainda a ser revisado por pares.

“Este desaparecimento dramático e duradouro de M31-2014-DS1 é uma ocorrência incomum no contexto das estrelas massivas”, diz o artigo. “A ausência de uma explosão visível sugere a assinatura de uma supernova ‘fracassada’, em que o núcleo da estrela colapsa diretamente”.

O local da descoberta, o brilho do infravermelho e o desaparecimento de M31-2014-DS1. Crédito: Kishalay De et. al., 2024.

Estrela colapsou em um buraco negro sem explodir

Estrelas como M31-2014-DS1 geram energia por fusão nuclear, convertendo hidrogênio em hélio. Quando o hidrogênio se esgota, essas estrelas massivas começam a fundir elementos mais pesados, até que o núcleo atinge uma composição de ferro, elemento que não libera energia ao se fundir. Com isso, a pressão interna enfraquece, e a estrela colapsa sob sua própria gravidade.

Quando estrelas com massa superior a oito vezes a do Sol morrem, as camadas externas são expulsas em uma explosão massiva conhecida como supernova, que deixa para trás um buraco negro ou uma estrela de nêutrons. No entanto, astrônomos têm indícios de que algumas delas colapsam diretamente em buracos negros, sem emitir uma supernova visível – um fenômeno raro chamado de “supernova fracassada”.

Explosão de uma supernova que forma estrela de nêutrons
Explosão de uma supernova que forma uma estrela de nêutrons. Crédito: ManowKem/Shutterstock

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Nas observações de M31-2014-DS1, eles notaram seu apagamento gradual entre 2016 e 2019, culminando em 2023, quando a estrela já estava invisível. Sem sinais de explosão, concluíram que cerca de 98% da massa da estrela colapsou em um buraco negro com aproximadamente 6,5 massas solares.

Esse fenômeno foi comparado ao caso de N6946-BH1, outra possível supernova fracassada identificada na galáxia NGC 6946, conhecida como “Galáxia dos Fogos de Artifício”. Futuras observações de raios-X serão necessárias para confirmar se essas estrelas realmente deram origem a buracos negros através de supernovas fracassadas.

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