Vida em Marte pode ter sido destruída pela NASA acidentalmente

Uma teoria polêmica sugere que a NASA, sem querer, pode ter exterminado formas de vida em Marte. Segundo essa hipótese, entre o fim da década de 1970 e início dos anos 1980, a sonda Viking 1 teria destruído microrganismos marcianos acidentalmente durante os experimentos conduzidos na superfície do Planeta Vermelho ao longo da missão.

Lançada em 1975, Viking 1 foi a primeira espaçonave dos EUA a pousar em Marte. A sonda foi equipada com dois módulos de pouso e experimentos para analisar a atmosfera, solo e clima do planeta. 

Obtida pela sonda Viking 1 após pousar em Marte, em 20 de julho de 1976, esta imagem é a primeira fotografia já tirada da superfície marciana. Crédito: NASA / JPL

Em resumo:

  • Teoria sugere que a NASA pode ter destruído vida em Marte durante a missão Viking 1;
  • A missão buscava sinais de vida microbiana, mas os resultados foram inconclusivos;
  • Pela nova visão, a água introduzida no solo pelos experimentos pode ter matado micróbios marcianos adaptados ao ambiente seco;
  • Os organismos que teriam habitado Marte seriam semelhantes aos extremófilos da Terra, que sobrevivem com pouca umidade;
  • A hipótese incentiva novas abordagens na busca por vida no Planeta Vermelho, esquecendo a água e focando em compostos como sais.

O principal objetivo da missão era buscar sinais de vida microbiana. Amostras de solo marciano foram coletadas e testadas em laboratório para verificar se algo reagiria a água e nutrientes. 

No início, os resultados pareciam indicar atividade biológica, mas logo surgiram dúvidas sobre essas descobertas. As reações detectadas nos experimentos poderiam ser explicadas por processos químicos não biológicos. 

A hipótese de vida em Marte foi posta em dúvida, já que a ausência de água líquida e as condições extremas de temperatura pareciam impedir. Isso fez com que a busca fosse colocada em segundo plano pela NASA por anos.

Representação artística da superfície marciana. A vida em Marte poderia ter sido adaptada a ambiente seco. Crédito: Artsiom P – Shutterstock

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Como a NASA teria aniquilado a vida em Marte

Agora, uma nova interpretação dos resultados de 1976 foi proposta por Dirk Schulze-Makuch, astrobiólogo da Universidade Técnica de Berlim, na Alemanha. Ele sugere que os sinais encontrados pela missão Viking poderiam ser evidências de vida – e que a própria sonda teria destruído essa vida acidentalmente ao introduzir água no solo.

Para o cientista, se Marte abrigou vida, ela poderia ter sido adaptada a um ambiente muito seco. Nesse caso, micróbios marcianos poderiam ter sobrevivido em condições extremamente áridas, retirando umidade do ambiente através de sais higroscópicos. 

“Os experimentos da missão Viking, ao adicionar água ao solo, poderiam ter alterado esse equilíbrio e matado esses organismos”, disse Schulze-Makuch em uma entrevista ao site Space.com (que você pode ler na íntegra aqui).

Ele explica que esses micróbios seriam semelhantes aos extremófilos encontrados na Terra, “como aqueles do deserto do Atacama, no Chile”. Nesses locais, organismos sobrevivem em umidade mínima, extraindo água da atmosfera. A teoria de Schulze-Makuch sugere que Marte poderia ter abrigado organismos semelhantes, adaptados às suas condições.

Cientista propõe mudança de perspectiva

Em vez de procurar por sinais de água líquida, Schulze-Makuch propõe que os pesquisadores se concentrem em compostos como os sais, que poderiam ter sustentado a antiga vida marciana. “Isso permitiria que novos métodos de exploração fossem desenvolvidos, focando em sinais de vida que não dependem de água líquida”.

O especialista complementa dizendo que isso também poderia ajudar a compreender melhor como organismos podem viver em um ambiente com recursos hídricos limitados.

Essa nova perspectiva obriga os cientistas a repensarem o modo como exploramos outros planetas. A vida em Marte, se existiu, pode ser muito diferente da vida na Terra. Por isso, devemos estar preparados para buscar formas biológicas que talvez não se pareçam com o que conhecemos.

Esta foi a primeira imagem panorâmica retornada da superfície de Marte. O registro, feito pela Câmera 2 da sonda Viking 1 em 20 de julho de 1976, mostra a região Chryse Planitia. Crédito: NASA / JPL

A reinterpretação dos experimentos da missão Viking abre portas para novas investigações. Se a vida marciana ainda existe, ela pode estar em formas mais resistentes e adaptadas às duras condições de Marte. Em vez de dar por encerrada a busca, a teoria de Schulze-Makuch nos leva a buscar vida em Marte com novas abordagens.

Com os avanços tecnológicos, a exploração de Marte continua uma prioridade para a NASA e outras agências espaciais. As futuras missões podem precisar revisar as metodologias, considerando a hipótese de vida adaptada a ambientes secos e extremos. Isso pode redefinir o entendimento científico sobre Marte e sobre as possibilidades de vida fora da Terra.

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